O deputado Valdevan Noventa (PSC-SE) cobrou no início dessa semana ações emergenciais sobre um estranho fenômeno que ocorre nas praias do Nordeste: o aparecimento de manchas de óleo em cento e cinquenta localidades, prejudicando a população e os ecossistemas.
Os primeiros sinais foram encontrados em três praias paraibanas no dia trinta de agosto. Até o dia dez de outubro as manchas já haviam atingido todos os nove estados da região Nordeste, sendo o último a Bahia. “O pior ainda está por vir: em audiência realizada na Câmara dos Deputados, o presidente da Petrobrás declarou que o óleo que atinge a costa brasileira não dá sinais de estar retrocedendo. Ao contrário, estudos demonstram que a mancha está avançando aproximadamente dez centímetros por segundo”, disse Valdevan Noventa.
Segundo o deputado, as investigações estão sendo realizadas pela Marinha, em coordenação com o Ibama, o ICMBio e a Polícia Federal, com o apoio da Petrobras. A própria Petrobras constatou, por meio de análise das amostras de óleo, que o material encontrado não é produzido pela companhia. Quer dizer, não é petróleo brasileiro.
“Em Sergipe, onde acompanho o problema, posso afirmar que a situação é calamitosa. O governo decretou emergência e recomendou à população não utilizar as praias, nem se aproximar de nenhuma substância próxima a elas”, explicou Valdevan.
Ele afirmou, ainda, que o governo já iniciou a instalação de barreiras para evitar que o petróleo contamine os rios e afete o abastecimento de água. O óleo foi encontrado em onze praias. O ministro do Meio Ambiente já visitou o estado para tratar do ocorrido, mas até agora nenhuma providência foi tomada.
As hipóteses cogitadas pela Petrobras foram três: um navio afundado; um acidente durante a passagem de óleo de um navio para o outro; ou despejo criminoso. Com cento e trinta toneladas de petróleo recolhidas das praias, já se descartou a possibilidade de que a contaminação tenha sido efetuada por limpeza de tanque de algum navio petroleiro, mas o aparecimento das manchas segue sem motivo explícito pelas autoridades.
“As manchas, identificadas como petróleo bruto, são altamente tóxicas para banhistas e pescadores. Os animais marinhos também não são poupados. Segundo especialistas, o ecossistema do litoral brasileiro é frágil e os danos podem ser irreversíveis. Doze unidades de conservação foram atingidas. Por enquanto, as manchas nessas reservas são pequenas, mas a apreensão cresce, especialmente se nenhuma medida for tomada”, relatou Valdevan Noventa.
De acordo com laudos das Universidades Federais da Bahia e de Sergipe, o óleo tem características semelhantes ao extraído de poços da Venezuela, mas o país negou veementemente a responsabilidade pelo derramamento de óleo na costa brasileira. A empresa petrolífera estatal Venezuela afirmou que não tem nenhum navio com vazamentos de petróleo próximo à costa brasileira.
“Ora, com tantos lugares turísticos atingidos, a população afetada e ecossistemas ameaçados, qual é a ação do governo? Até agora, nada de concreto foi feito para evitar que o petróleo se espalhe. Não se sabe que atitude o Governo Federal vai tomar. As falas são contraditórias e passam a impressão de que o Brasil está perdido sobre que caminho deve seguir”, disse Valdevan Noventa que disse ainda “no momento, a Marinha informou que está notificando trinta navios-tanque de dez países diferentes a prestarem esclarecimentos, mas a investigação está lenta”.
“Clamamos por rapidez nas investigações. O Nordeste não pode esperar mais. Estamos diante de um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. Exigimos providências imediatas”, finalizou o parlamentar.