Pesquisa da UFS avalia que uso indiscriminado de agrotóxicos tem prejudicado agricultores de Lagarto e Salgado

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O trabalho rural é um dos mais nocivos à saúde. Além das repetições, exposição ao sol e jornadas extenuantes, outro aspecto é prejudical à qualidade de vida de quem lida diretamente com a atividade: o uso indiscriminado de agrotóxicos. Nos municípios de Lagarto e Salgado, os agrotóxicos têm contribuído para o desenvolvimento de síndrome de dor lombar em agricultores da citricultura em indivíduos potencialmente saudáveis, segundo a pesquisa “Caracterização da Síndrome da Dor Lombar e Fatores Associados em Trabalhadores Rurais”, do professor Miburge Júnior, do Departamento de Fiosoterapia, e do mestrando Flávio Martins, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do campus de Lagarto.

Na amostra coletada pelos pesquisadores (homens de 18 a 59 anos que trabalhassem com laranja em Lagarto ou Salgado), muitos indivíduos poderiam ser considerados saudáveis, se não houvesse o contato com agrotóxicos. Não tinham doenças pregressas, estavam dentro do peso ideal e eram jovens ou adultos. Porém, com o contato constante com agrotóxico, de forma não orientada e sem equipamentos de proteção individual (EPIs), esses trabalhadores passaram a apresentar dores recorrentes na coluna e em outras regiões, o que provocou, em alguns casos, o afastamento precoce.

O conjunto de sinais e sintomas faz com o problema de saúde desses trabalhadores seja classificado como síndrome. “Uma síndrome é um conjunto de sinais e sintomas, na de dor lombar (região baixa da coluna vertebral), o indivíduo pode ter uma dor aguda ou crônica. A aguda dura menos de três meses e pode ceder com medicação e atividade física de baixo impacto ou orientações sobre questões de postura no cotidiano. Uma dor mais complexa é a crônica, passa mais de três meses e faz com que o indivíduo perca a capacidade de resolver problemas funcionais e de deslocamento”, observa.

Por isso, o afastamento precoce dos trabalhadores representa não apenas um problema de saúde pública, mas também econômico e previdenciário. Para o professor Miburge, a solução passa por um uso mais racional de agrotóxicos e orientações preventivas sobre o uso de EPIs. “Essa mudança impactaria na saúde de todos. Não apenas dos trabalhadores rurais, mas também nossa, enquanto consumidores. Quanto menos agrotóxico ele aplica na laranja, por exemplo, menos agrotóxico a gente ingere na nossa dieta”, pontua o docente.

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