Irrigantes dos perímetros estaduais dobram produção de batata-doce atendendo mercado exigente

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Fotos: Fernando Augusto

As variedades de batata-doce exploradas nos perímetros estaduais de irrigação de Sergipe são muitas. Tem a ourinho, a mais rara e cara; têm a branca e a roxa-branca, as mais comuns. Mas tem agricultor que aposta em tipos diferentes para agradar aos consumidores mais exigentes, como as batatas-doces com polpas cor de cenoura, apelidada de ‘cenourinha’ e roxa, semelhante à beterraba. Atentos aos diferentes paladares e ao bolso dos sergipanos, que cada vez mais consomem batata-doce, esses agricultores dos cinco perímetros irrigados de vocação agrícola, mantidos pelo Governo de Sergipe, conseguiram dobrar a produção da raiz tuberosa de um ano para o outro, chegando às 21,8 toneladas (ton.) em 2021 e destacando a batata-doce como o produto mais colhido pelos irrigantes. Itabaiana, que tem os perímetros irrigados Poção da Ribeira e Jacarecica I, liderou esta produção, fornecendo 17,5 ton. do produto ao mercado.

E 2021 também foi o ano em que se consolidou a produção de batata-doce no mais longínquo e desafiador dos perímetros irrigados administrados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri): o Califórnia, em Canindé de São Francisco. Lá, o calor Alto Sertão e o solo mais rígido, dificultam o crescimento dos tubérculos da batata-doce. Gilson Jesus é um dos agricultores pioneiros no perímetro Califórnia a arriscar o cultivo. “Planto macaxeira, quiabo, inhame e batata o ano todo! A batata, consigo arrancar de 80 a 100 caixas por semana. Tudo é vendido para a população de Canindé mesmo e graças a Deus, todo dia tenho dinheiro. Dá trabalho, mas ninguém consegue nada sem trabalho”, pontuou.

Os agricultores do perímetro da Cohidro em Canindé produziram, em 2021, 514 ton. de batata-doce. Gerente do Califórnia, Eliane Moraes destaca o bom preço da batata-doce como principal incentivo aos irrigantes optarem por esse tipo de lavoura. “E a gente incentiva, dando toda assistência técnica agrícola, além da água do nosso sistema de estações de bombeamento, canais e adutoras. Sem a água, não teria como esse cultivo prosperar no Alto Sertão. Se por um lado tem a água o ano todo para plantar, o sol forte do Clima Semiárido ajuda toda planta a crescer e dificulta o surgimento de diversas pragas que possam ser comuns em outras regiões mais úmidas”, avaliou a gerente.

A batata-doce está presente nas refeições cotidianas – lado a lado com a macaxeira e o inhame, todos produzidos dentro dos perímetros irrigados estaduais – faz parte do grupo de alimentos bem-aceitos no café da manhã e da noite (jantar) do sergipano. Cozida, é recomendada por nutricionistas para quem faz dieta de perda de peso ou de ganho de massa muscular. A parte aérea da planta da batata-doce é um item à parte do leque de vantagens para o bataticultor. Nunca pergunte a um destes agricultores se ele planta batata-doce, a resposta será sempre não. É que uma parte destas ‘ramas’ arrancadas na colheita dos tubérculos é usada, sem qualquer tipo de processamento, para plantar outras lavouras de batata-doce. A rama que não é utilizada como ‘semente’, é um alimento rico em proteína largamente usado na nutrição animal.

O Perímetro Irrigado Jacarecica II leva água para partes de Malhador, Riachuelo e Areia Branca. Francisco de Araújo vive em Malhador, é agricultor no seu lote irrigado que fica em Riachuelo e vende toda a sua variada produção em um box no Mercado Municipal Vereador Milton Santos, em Aracaju. O produtor só tinha duas qualidades de batata-doce, mas a pedidos dos seus clientes fiéis, ele aumentou a gama de variedades. “Eu tenho aqui quatro variedades: a branca, a roxa, a ‘cenourinha’ e a ‘beterraba’. Eles pediram a cenourinha daí eu coloquei. Surgiu essa beterraba, os clientes não conseguiam, daí eu consegui e o pessoal vai lá perguntando: cadê a batata beterraba e eu digo que daqui a uns dias ela chega. O lote era só batata e macaxeira, Daí como eu vendia na feira e o pessoal ia pedindo, eu fui acrescentando. O que eu não tinha, eu fui colocando”.

 

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