Órgão públicos, a exemplo do Tribunal de Contas do Estado (TCE), continuam sendo abrigo para ex-deputados sergipanos não ficarem desempregados. A desculpa da crise para não cumprir com suas obrigações constitucionais já não faz mais sentido para a população sergipana. Além de não se preocuparem com os altos salários, para atender a indicação política ainda ignoram a qualificação do indicado.
O caso mais recente é o da ex-deputada estadual Sílvia Tereza Fontes Caldas, mais conhecida por Sílvia Fontes, esposa do deputado federal Fábio Henrique (PDT). Ela foi nomeada em cargo de comissão no TCE para uma função que a mesma não tem formação técnica. Para a função de coordenadora adjunta de Comunicação Social, segundo apuração feita pelo Hora News, a ex-deputada vai receber salário mensal bruto de mais de R$ 16 mil.
O simples registro de radialista de nível médio, que não disponibiliza disciplinas específicas em assessorias de comunicação e imprensa, bem como mídias sociais e Internet, por não ser de nível superior, como faz o curso de Jornalismo – que prepara o aluno para dominar as novas mídias, inclusive as assessorias de comunicação e imprensa – foi a justificativa do tribunal para nomear a ex-deputada.
O próprio curso técnico que ela fez em Itabuna (BA), à época, foi questionado pelo Sindicato dos Radialistas de Sergipe, que ameaçou não reconhecer tal registro por reprovar a metodologia de ensino do curso baiano, que chegou a ser denunciado à Polícia Federal.
O jornalista Edmilson Brito, presidente eleito do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (SINDIJOR-SE), salienta que a formação de Sílvia Fontes não a capacita para exercer tal função, que pela complexidade do cargo deveria ser exercido por um profissional graduado em Jornalismo.
“Lamentamos que um tribunal técnico escolha para uma função técnica alguém que não tem habilitação e capacitação para exercer tal função, até por que o curso médio de radialista que ela fez não a capacita para isso. Esse curso não disponibiliza disciplinas técnicas para as áreas de assessorias de comunicação e imprensa. Trata-se de um curso de nível médio direcionado para a pessoa trabalhar no rádio. Portanto, o nosso repúdio a essa nomeação que não atende os requisitos mínimos de qualificação que o cargo requer. Espero que o presidente reveja esta nomeação”, protesta Edmilson Brito, que também é advogado.
O deputado federal Fábio Henrique, presidente estadual do PDT e esposo da indicada ao cargo comissionado, afirma desconhecer a indicação e garante que a ida de Sílvia Fontes para o TCE não teve sua interferência.
“Desconheço os detalhes. A ida dela para o Tribunal de Contas não passou por mim. Sei que ela está com Theotônio. Vou ver isso com ela, se não pode tem que sair”, diz surpreso Fábio Henrique.
O diretor de Comunicação e Imprensa do Tribunal de Contas, jornalista Theotônio Neto, não soube informar de quem foi a indicação e defende que o cargo seja ocupado por quem tenha formação específica.
“Esse detalhe de indicação eu desconheço. Agora ninguém entra no tribunal se não for nomeado pelo presidente da casa. Então, ela está nomeada normalmente, tecnicamente. Esses detalhes do preenchimento da vaga, eu próprio tenho essa mesma opinião de que o cargo é de comunicação e a pessoa deveria ter essa qualificação. Esse cargo vem sendo preenchido em outros momentos sem a exigência dessa qualificação o que me levou a indagar em determinado momento sobre isso”, explica Theotônio, lamentando que o cargo em sua norma legal seja aberto para a indicação de livre escolha independentemente da qualificação profissional.
Sílvia Fontes foi deputada estadual e concorreu ao cargo de vice-governadora na chapa encabeçada pelo ex-deputado federal Valadares Filho. Também foi secretária de Assistência Social em Nossa Senhora do Socorro, na gestão de Fábio Henrique.
A ex-deputada estadual é coordenadora adjunta do jornalista Adam Souza Lima, titular da Coordenadoria de Comunicação do TCE.
Por Hora News