Com emenda de Fábio Reis, Governo do Estado restaura e reforma centenária Casa de Cultura Sílvio Romero em Lagarto

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A Casa de Cultura Sílvio Romero, localizada em Lagarto, no centro-sul sergipano, celebrou 100 anos de fundação em junho passado. O imóvel pertencia à família do jornalista, folclorista, professor e historiador lagartense, e, após a sua morte, transformou-se num memorial. Preocupado em preservar a história sergipana e em dar uma destinação funcional ao prédio, o governador Fábio Mitidieri autorizou, em junho do ano passado, a recuperação de toda a estrutura física do centro cultural, por meio de um investimento de mais de R$ 3,3 milhões, fruto de recursos do Tesouro Estadual e emenda parlamentar do deputado federal Fábio Reis. A entrega do projeto marca o centenário do prédio histórico.

A obra de reforma, restauração e ampliação da Casa de Cultura Sílvio Romero já está com 84,09% de execução física concluída, avanço que pode significar a antecipação do repasse à Academia Lagartense de Letras, que, por meio de uma permissão de uso, será a responsável pela gestão do equipamento, podendo, inclusive, realizar eventos culturais e educacionais no imóvel. A previsão é que, ainda no primeiro semestre deste ano, a obra seja concluída. Este deve ser o desfecho da história da Casa de Cultura Sílvio Romero, que estava fechada desde 2014. Um prédio tombado em 1995 pelo Patrimônio de Sergipe, que já abrigou, em períodos distintos, a Associação Cultural de Lagarto, o Memorial de Lagarto e a Biblioteca Pública Municipal.

Entre as intervenções na Casa de Cultura estão a instalação de proteção de incêndio, vedação com cerca (a fim de impedir ocupações e vandalismo), limpeza, dedetização, correção de rachaduras e neutralização de infiltrações, reconstituição do madeiramento de acordo com o original, restauração das pinturas e de todas as peças originais de madeira, instalações elétrica e hidrossanitárias, construção de rampa de acessibilidade e de rotas acessíveis e barreira química no entorno. A Casa de Cultura Sílvio Romero dispõe de seis salas, duas delas já estão reservadas para funcionamento da Academia Lagartense de Letras. Nas outras, um dos espaços servirá de biblioteca e outro para exposições itinerantes.

História

Apesar de gerar confusão sobre o endereço do ilustre sergipano, a Casa de Cultura Sílvio Romero na verdade leva o nome do lagartense apenas como homenagem. O pesquisador nasceu e morou em outro local. O casarão é um prédio da gestão do então governador Graccho Cardoso, da segunda década do século XX, inaugurado em 23 de julho de 1923. Ele foi inicialmente construído para funcionar um presídio público, porém, em 1924, foi convertido na primeira escola pública de Lagarto, com as devidas adaptações arquitetônicas.

O colégio funcionou até os anos 1950, durante a gestão de Graccho Cardoso, de acordo com o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e pós-doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Claudefranklin Monteiro. “Ele foi um gestor preocupado com o acesso à educação e à cultura e passou a instalar no estado diversos Grupos Escolares”, detalhou o educador. Com a desativação do Grupo Escolar, o prédio foi de tudo um pouco, entre 1950 e 1990, abrigando desde cursos de corte e costura a contabilidade, até servir de sede da Secretaria Municipal de Segurança Pública e apoio para a Secretaria Municipal de Educação.

Como sua função inicial se perdeu, a partir dos anos 1990 se iniciou o movimento para que o prédio tivesse função cultural. “Houve uma mobilização da comunidade, sobretudo de Luiz Antônio Barreto, filho de Lagarto, que, enquanto secretário de Estado e da Cultura, junto à Câmara de Vereadores, promoveu uma série de ações para que o lugar fosse tombado. Entre 1994 e 1996 foi feita uma reforma, e por solicitação da Câmara Municipal de Lagarto, ele foi tombado em 1995. Porém, o seu tombamento não livrou o prédio do abandono”, informou Claudefranklin.

De 1995 a 2004 na Casa de Cultura funcionou o Memorial de Lagarto, mas foi desativado algum tempo depois. A prefeitura chegou a utilizá-lo como biblioteca, mas também foi desativada. Com o abandono, o prédio foi se deteriorando.

Conservação

Em seu histórico, a Casa de Cultura Sílvio Romero já passou por dois episódios de focos de incêndio e foi invadida por dependentes químicos, que moraram irregularmente no local. As ações comprometeram significativamente seu estado de conservação. Como se trata de uma construção de madeira, parte do piso foi danificado tanto pelo fogo quanto pela ocupação irregular. Por se tratar de um bem tombado, seria imprescindível que a empresa vencedora da licitação para executar a reforma possuísse experiência em restauração.

“A Casa de Cultura Sílvio Romero é um patrimônio que resgata a importância e o legado histórico do escritor lagartense”, considerou Caio Lucas Moura, coordenador de captação de recursos e investimentos da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), pasta contratante do projeto. Moura espera que a entrega da reforma e ampliação da Casa de Cultura Sílvio Romero, patrimônio histórico do povo sergipano, sirva de retomada de sua referência na preservação das raízes e no fomento do turismo histórico-cultural no município de Lagarto.

Academia Lagartense de Letras

A Academia Lagartense de Letras procurou o Estado, em 2016, para solicitar apoio ao adquirir a casa onde Silvio Romero viveu na infância, que estava à venda na época. A gestão estadual, à época, ofereceu o espaço do antigo Grupo Escolar Sílvio Romero. A academia aceitou, mas o espaço precisava de reforma. A partir de então, nasceu o acordo entre Governo do Estado e Academia Lagartense de Letras, para que o prédio viesse a ser, não só uma Casa de Cultura, mas também a primeira sede da Academia Lagartense de Letras.

Foi na atual gestão, com o governador Fábio Mitidieri, que a Ordem de Serviço para a obra de melhorias do prédio foi assinada. A Academia Lagartense de Letras, atualmente, conta com 25 membros, formada por pessoas residentes tanto em Lagarto quanto em Aracaju. “Os de Aracaju são filhos de Lagarto, como a professora Aglaé Fontes, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), a professora Beatriz Góes, o jornalista Rosalvo Nogueira e o também jornalista Euler Ferreira”, enumerou o presidente da Academia Lagartense de Letras, Paulo Prata, que também é advogado e professor da rede pública estadual de ensino, há dez anos no comando da academia. “Estou prestes a cumprir meu mandato. A entrega do prédio era um compromisso que eu tinha assumido com os companheiros da academia e tenho esperança de cumprir”, conclui sobre a expectativa de entrega da reforma.

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