O nervosismo no mercado depois do bate-boca entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e deputados da oposição na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) fez com que o Ibovespa perdesse 2 mil pontos em duas horas. Com a baixa, o principal índice de ações da B3 se descola das bolsas mundiais, que sobem em meio a dados positivos da China e cenário mais favorável para um acordo entre os chineses e os Estados Unidos na guerra comercial.
Às 16h29, o Ibovespa caía 0,79% a 94.629 pontos. Já o dólar comercial sobe 0,44% a R$ 3,8727 na compra e a R$ 3,8737 na venda, enquanto o contrato futuro de dólar para maio tem valorização de 0,4% a R$ 3,876. No caso dos juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança quatro pontos-base, para 7,06%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 avança nove pontos-base, para 8,21%.
Segundo o analista da Eleven Financial Research, Carlos Daltoso, o mercado tem seguido ruídos de Brasília de maneira exagerada e os traders não estão gostando das falas de Guedes ao debater a reforma da Previdência. “O cenário-base com o qual o mercado trabalha é o de aprovação da reforma, mas os investidores querem saber quanto do R$ 1 trilhão anunciado pelo ministro em economia será desidratado no Congresso”, afirma. “A volatilidade nesse momento será acentuada, mas é preciso saber distinguir a realidade dos ruídos”, acrescenta.
Na CCJ, Paulo Guedes elogiou o regime de capitalização e se exaltou quando deputados da oposição disseram que o Brasil ficaria igual ao Chile. Para Guedes, o sistema previdenciário atual é insustentável, com a proporção entre contribuintes e aposentados se reduzindo drasticamente por conta do envelhecimento da população.
Na semana passada, Guedes desmarcou sua participação em audiência pública na comissão. A decisão seguiu sugestão de aliados, que alertavam para os riscos de ataques de deputados até mesmo da base aliada. A alegação formal foi que o debate seria mais produtivo após a designação do relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma previdenciária na comissão.