O presidente de honra do PRB [hoje Podemos], ex-prefeito Heleno Silva, circula muito por todo o Estado para fortalecer o seu partido e buscar de volta o seu mandato de deputado federal nas eleições de 2022. Não pensa nas eleições de 2020, embora seu nome já tenha surgido como pré-candidato a prefeito de Canindé do São Francisco, mandato que já exerceu. Chegou a se animar para isso, mas avaliou e voltou a pensar na Câmara Federal.
Em entrevista concedida neste domingo (01/09) ao Faxaju online, Heleno Silva deixa claro que acredita no processo de mudança pelo qual passa o País, incluindo Sergipe – “é claro” – lembrando que esse processo teve início em 2018, “quando muita gente que não aparecia no radar das perspectivas de vitórias” acabaram ganhando o pleito. Essa mudança virá em razão da crise econômica e dos escândalos de corrupção. Tudo isso tornou o eleitor mais seletivo na hora da escolha.
Heleno Silva admite que nas eleições de 2018 alguns políticos não souberam se “movimentar bem quanto às novas regras e a prova está aí nos famosos ‘laranjas’ que apareceram nas campanhas”. Acha que há necessidade de encarar uma nova realidade na política, não só em Sergipe como no Brasil. É o contato direto com a população, porque aquele voto de cabresto não existe mais. A influência de lideranças pouco se torna real. Além disso, segundo ele, a oposição bateu testas e esfacelou todo mundo. Hoje a luta deve ser para a recuperação junto ao eleitor, que precisa recuperar a confiança nos prováveis candidatos para confiarem seus votos.
Leia a entrevista
O eleitorado está mais seletivo em relação ao voto já a partir de 2020?
Heleno Silva – Sim! Esse novo pensar na política começou em 2018, basta olhar os resultados. Em todos os Estados houve surpresas, com nomes que não apareciam no radar nas perspectivas de vitórias e acabaram ganhando. Tudo isso fruto da crise que enfrentamos: a crise econômica, que chegou a ter 14 milhões de brasileiros desempregados, como também o maior escândalo de corrupção no mundo deixou o povo mais maduro, mais seletivo e mais analista na hora de dar o seu voto. Em 2020, também, há uma expectativa dos partidos e das alianças políticas quanto a essa onda de renovação e mudança, que vai atingir as próximas eleições também. Então, está todo mundo organizando os partidos, mas olhando muito para esse cenário de renovação através de nomes novos. Está todo mundo ligado nisso.
Os políticos terão postura diferente nas próximas eleições em razão da rigidez da Justiça Eleitoral?
Heleno – Com certeza, não é? Tem o Fundo Eleitoral aí, que é um dinheiro orçamentário para fazer as campanhas. Então, nessa primeira eleição alguns não souberam se movimentar bem quanto às regras e a prova está aí nos famosos ‘laranjas’ que apareceram nas campanhas. Então, está todo mundo ligado nessa questão aí, porque além de ganhar uma eleição, precisa estar dentro das regras eleitorais, já que os órgãos de fiscalização estão cada vez mais em cima e não é mais o mesmo sistema do passado, onde os rompantes políticos escancarados aconteciam. Então está todo mundo ligado.
O PRB está preparado para as perspectivas de mudanças políticas com objetivo de superar o retrocesso?
Heleno – Claro que sim! O PRB, agora Republicanos, com mudança de postura, partimos muito para o centro direita, neste momento que o País está vivendo de mudanças. Então estamos caminhando firmes nas nossas bases e no sertão sergipano teremos nomes fortes disputando cerca de oito prefeituras. Na Grande Aracaju também teremos nomes fortes. Em política sempre é hora de recomeçar e o PRB entendeu isso, encarando os seus erros com o resultado eleitoral, mas a gente entende que é muito possível de se reconstruir. Então o partido está sendo reconstruído com a perspectiva de 2020 ser uma projeção para 2022 e vamos trabalhar firme nisso. A nossa base todo mundo sabe qual é: o povo, o povo, o povo. Poucos se movimentam melhor do que a gente no meio do povo. Então fico muito feliz porque o Republicanos está focado no momento de reconstrução.
Quais as mudanças reais que devem acontecer em Sergipe a partir de 2020 e 2022 através de composições e formação de alianças?
Heleno – O mundo político está muito aberto para 2020. Você não pode, por exemplo, na cidade de Aracaju, que é um norte para as eleições de 2022, dizer que há um candidato favorito. Nós sabemos que Edvaldo Nogueira é o candidato do Governo, que é uma força, claro, porque além da Prefeitura tem o apoio do Governo do Estado, mas nós sabemos também das dificuldades de alianças que ele está tendo, principalmente com o PT, que é um partido forte em todo o Nordeste, não só em Aracaju. Em 2022, a oposição em Sergipe acabou. Duas lideranças deram a testa um com outro, bateram e esfacelou todo mundo. Então, não tem a dita antiga oposição. O único nome da oposição hoje, que em minha opinião existe, á a do senador delegado Alessandro. Esse todos nós já sabemos que será candidato a governador e quer repetir a estratégia de 2018, pregando a mudança para tentar ganha o Governo do Estado com o seu grupo. Dentro do bloco do Governo só tem três nomes aí que podem concorrer: o PT terá um nome; Fábio Mitidieri, que é do partido do governador, legitimamente pleiteia uma possibilidade de disputar o Governo, e Laércio Oliveira que corre por fora, mas mostrou que é um profissional da política.
O quê mudou ou precisa mudar na política em Sergipe?
Heleno – Precisamos encarar uma nova realidade na política, não só em Sergipe como no Brasil. É o contato direto com a população, porque aquele voto de cabresto não existe mais. A influência de lideranças pouco se torna real. A prova disso foi a não reeleição de André Moura, que tinha aí setenta prefeitos, se não me engano. Então Sergipe também está vivendo esse momento de mudança que o País experimenta. É o uso das redes sociais para se aproximar, mas nada supera o contato direto com o povo. Então, também em Sergipe, precisamos ficar ligados nesse novo momento que o País passa. Muitos vão insistir no mesmo sistema do passado, mas a realidade do momento é outra.