É como se fosse um outro político. Reeleito para o seu quarto mandato de deputado federal, Fábio Reis, PSD, 45 anos, está bem mais solto, mais falante, cheio de convicções políticas e avesso a qualquer rito de amaciamento das ideias, embora defenda o diálogo com o Governo Federal.
Por exemplo: ele é contra que o irmão Sérgio Reis, PSD, abandone o mandato de deputado estadual em Sergipe, mesmo que como primeiro suplente, para assumir a Secretaria Especial da Representação de Sergipe em Brasília, diz que Hilda Ribeiro se elegeu prefeita de Lagarto em 2020, mas que até hoje não assumiu o mandato ainda e que os Reis elegerão o futuro prefeito de Lagarto ano que vem.
Mais do que isso: promete que fará um mandato em Brasília para bem além da mera carreação de emendas do orçamento da União para Sergipe, diz que “é preciso deixar explícito que o governo não é dos petistas”, “é do povo”, e defende que “o Congresso Nacional tem que ajudar na governabilidade e dialogar com os poderes”.
Na lógica política desse “novo” federal Fábio Reis, nada de apoio às badernas destrutivas contra o Estado Democrático de Direito, como as do começo deste mês na Capital Federal.
“Temos que conviver com a democracia e respeitar a vontade popular. Eu repudio qualquer ato de vandalismo e antidemocrático.
A justiça tem sido enérgica nesses casos e eu apoio, porque atos daquela magnitude dos de Brasília no dia 8 não podem prosperar jamais”, diz Fábio Reis.
Veja a breve entrevista que ele concedeu à Coluna Aparte nesta segunda-feira, 23.
Aparte – O que é que o senhor espera, ou promete, para este seu novo mandato de deputado federal a se iniciar no próximo dia 1° de fevereiro?
Fabio Reis – Antes de tudo, é preciso levar em conta que hoje o cenário é outro e primeiro temos que pacificar o país. O Congresso Nacional tem que ajudar na governabilidade e dialogar com os poderes. Neste nosso novo mandato, o mantra será ajudar a retomar a economia e a gerar emprego. Temos obras estruturantes no Estado de Sergipe que são fundamentais para nossa infraestrutura e que dependem do nosso mandato. Quero ajudar nosso governador Fábio Mitidieri nessas obras e a alavancar a economia do Estado.
Aparte – O senhor vê chance de nos próximos quatro anos, sob um governo petista, seu mandato ter a mesma performance dos mandatos anteriores em favor de Sergipe?
FR – É preciso deixar explícito que o governo não é dos petistas. É do povo. O presidente Lula já chamou todos os governadores para uma reunião, mostrando que está disposto ao diálogo. Tenho excelente trânsito no Governo Federal, e tenho a certeza de que faremos muito mais.
Aparte – O senhor teria um foco de atuação para além das emendas parlamentares nos próximos quatro anos?
FR – Sim. Acho que nosso papel vai além das emendas. Sempre tive uma atuação muito mais de bastidores. E isso em Brasília é fundamental. Apresentei diversos projetos de lei, alguns deles aprovados. Sou municipalista, e fui um árduo defensor do piso da enfermagem e dos agentes de saúde. Quero ampliar a interlocução com a Universidade Federal de Sergipe e com o Governo Federal em várias frentes. Vamos tentar ampliar o número de cursos superiores aqui no Estado, como também melhorar a infraestrutura dos já existentes.
Aparte – Como é que o senhor analisa estes breves arranhões entre sua tia Goretti Reis e seu irmão Fábio Reis sobre a sucessão municipal de Lagarto em 2024?
FR – Com preocupação, mas nada que uma boa conversa não resolva. Ambos são maduros, chegaremos a um entendimento e permaneceremos unidos como sempre fomos. Nossos adversários então divididos. Luíza Ribeiro já disse que é candidata a prefeita e é uma tia do deputado Gustinho Ribeiro, cuja esposa tem o título de prefeita. Tem ainda o deputado estadual Ibrain de Valmir. De modo que temos tudo para vencer as eleições municipais de Lagarto de 2024, como vencemos de goleada a eleição estadual do ano passado.
Aparte – Mas essa turra Goretti-Sérgio não favorece a continuidade no poder dos governistas lagartense?
FR – Não. A prefeita de Lagarto está devendo, por exemplo, uma resposta ao povo: ganhou a eleição em 2020 e até agora não assumiu. A Prefeitura de Lagarto é administrada de forma irresponsável pelo marido e pela cunhada dela. Semana passada mesmo a cunhada chegou na Prefeitura e fez mudanças até no gabinete dela e desalojou o procurador do município da sala dele. Ao chegar na Prefeitura, na qual só vai uma vez na semana para assinar documentos, a prefeita foi surpreendida com as mudanças. Lagarto perdeu o posto da Capital do Interior para Itabaiana. Lagarto perdeu o posto de melhor ensino educacional do Estado e não tem uma única rua que não esteja esburacada. Hoje vivemos um caos administrativo nunca visto na nossa história.
Aparte – Pelo visto, é impossível uma atuação em sintonia por Lagarto e por Sergipe entre o seu mandato e o mandato de Gustinho Ribeiro na Câmara Federal.
FR – Eu sempre tentei esse diálogo. Já investi mais de R$ 300 milhões em obras na nossa cidade. Tenho mais uma dezena de obras para ser iniciada, como calçamentos e asfalto nos povoados, mas paralisadas, aguardando que Gustinho autorize a prefeita apenas a liberar o uso e a ocupação do solo. Veja: nossos adversários não aceitam que eu trabalhe e nem querem trabalhar. Não existe uma única obra em Lagarto que não seja de minha autoria.
Aparte – O senhor acha que Sérgio Reis adotou a melhor opção entre a de assumir o mandato na Alese e virar secretário de Estado, como o fez?
FR – Não adotou a melhor opção. Eu já disse isso a Sérgio e repito: ele tem que assumir o mandato de deputado estadual, ainda que como primeiro suplente. Preciso dele em Sergipe e mais próximo do eleitorado. Sérgio domina a articulação política em Lagarto melhor do que ninguém. Espero que quando ele assumir o mandato no próximo dia 1º de fevereiro tome mais gosto e não queira voltar para Brasília.
Aparte – Como um bolsonarista, qual é a sua opinião sobre o quebra-quebra de Brasília do dia 8 de janeiro?
FR – Eu repudio qualquer ato de vandalismo e antidemocrático.
A justiça tem sido enérgica nesses casos e eu apoio, porque atos daquela magnitude dos de Brasília no dia 8 não podem prosperar jamais. Temos que conviver com a democracia e respeitar a vontade popular.
JL Política