Em Lagarto, a 75 km da capital sergipana, tem agricultor investindo em tecnologia para produzir mais e melhor, e ainda com redução nos custos de manutenção. A economia e a produtividade são resultados do uso de lonas do tipo ‘mulching’, que além de eliminar pragas e doenças, ajuda no desenvolvimento da planta, protege o solo, economiza a água de irrigação e a mão de obra, dispensando o uso de estaqueamento. É assim nas lavouras de tomate do Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, onde a produção é acompanhada de perto pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) que, além de fornecer a água irrigada para os lotes produtivos, ainda presta assistência técnica agrícola e assessoria em agronegócio aos irrigantes. Outra tecnologia utilizada pelos agricultores é a fertirrigação, em que os fertilizantes chegam à base da planta diluídos na água da irrigação, precisando apenas de mão de obra para a adubação de fundação da terra antes de receber as mudas.
“Já plantei outras vezes, mas antes o plantio era feito na vara. É a primeira vez que planto na lona e estou gostando, principalmente pela redução da mão de obra, que diminui em 50% ou mais. Primeiramente, foi feita a adubação de fundação. Depois que a lona foi colocada, aí é só na fertirrigação. Tem algumas diferenças entre a lona e a vara. Se o tomate desenvolver na lona, a produção é muito melhor e com menos trabalho. Já na vara, dá mais trabalho com uma produção inferior, além de ser preciso ficar mexendo no pé para colocar o cordão, para não abrir, e todo esse processo derruba a flor. Na lona, toda flor vinga, aí se der tomate sadio, ele rende a produção”, justificou Renilson de Araújo, irrigante do perímetro Piauí que plantou o tomate em 0,33 hectares de seu lote irrigado. “Se tudo der certo, começo a colher já no próximo mês”, espera o agricultor.
Os investimentos no perímetro tem acompanhado o mercado da tecnologia agrícola, de acordo com o gerente do perímetro irrigado Piauí, Gildo Almeida. “Há 30 anos, o perímetro irrigado foi criado pelo Governo de Sergipe utilizando a aspersão convencional, e hoje pouco se vê desses equipamentos. A maioria já migrou para as mangueiras de gotejo – como ocorre nas plantações, utilizando o ‘mulching’ – ou a microaspersão, com menos custos”, explica Gildo. Ele conta ainda que seis irrigantes escolheram investir no uso da lona para produzir tomates neste verão. “A previsão é que a maioria destas lavouras seja colhida nos próximos 15 dias, como é o caso de Renilson, sendo que a colheita das últimas plantadas deverá ser para a Semana Santa. Esse mesmo planejamento foi feito pelo produtor Gildeon Santana, no ano passado, e ele obteve sucesso no resultado na safra”, disse o gerente.
Para a sobrevivência dos perímetros irrigados, é fundamental que o agricultor acompanhe a evolução da agricultura, é o que avalia Paulo Sobral, presidente da Cohidro, empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). “As novas tecnologias são sempre preocupadas com a economia de água, eliminando o consumo desnecessário. Revertendo, assim, a perda natural da capacidade desses sistemas coletivos no abastecimento, pelo desgaste natural das estruturas e pelo uso desregrado da água em outros lotes. O que nos dá uma folga operacional para que possamos investir em melhorias na rede e, principalmente – como está acontecendo agora nos perímetros de Itabaiana – para que façamos fiscalização, reparando os hidrantes que foram adulterados para passar mais água. Os hidrantes reparados agora terão contador para medir e cobrar do usuário o seu consumo”, advertiu o presidente da Cohidro.
Para quem quiser experimentar o plantio irrigado com o ‘mulching’, Renilson Araújo conta como fez o preparo dos canteiros e mangueiras de irrigação cobertos com a lona. “Foram plantadas 1.800 mudas de tomate com o mulching, onde o espaço entre uma planta e outra é de 80cm e dos canteiros, varia de 80cm a 1m, porque faço com o trator. As adubações de fundação eu fiz com fosfato monoamônico e esterco. Agora, só uso fertilizantes purificados e o nitrato de cálcio – esse não pode faltar! O investimento total foi em torno de R$ 3 mil, com a lona, adubo e irrigação”, expõe Renilson, que se preocupa em ter economia em todas etapas da produção. “Já tenho comprador. Só fazemos tirar os tomates e encaixá-los. Se eu fosse pagar transporte para levar em outros lugares, o custo sairia mais caro. Vendo um pouco mais barato e tenho meu lucro”, argumenta o agricultor. Até o fechamento da reportagem, o preço da caixa de 30kg de tomate, em Lagarto, estava sendo negociado pelos produtores por R$ 50.
Fonte: Governo de Sergipe