Assim com outros gestores eleitos ano passado, o prefeito de Santana do São Francisco, Ricardo Roriz (PSD), encontrou o município com uma série de problemas e uma dívida de mais de R$ 5 milhões, sendo R$ 1,4 milhão somente da folha de pagamento. De acordo com ele, o ex-prefeito Gilson Barroso deixou a cidade sem assistência médica, com carros sucateados, prédios deteriorados e lixo pelas ruas.
“O ex-prefeito saiu sem pagar o salário de dezembro e pagou apenas 40% do décimo terceiro dos professores, de uma parte do administrativo e de obras. Todos os funcionários de Santana do São Francisco ficaram sem receber dezembro. Ou seja, só de folha a dívida é de mais R$ 1,4 milhão”, relatou Ricardo Roriz.
Segundo o prefeito, a equipe da nova gestão não conseguiu obter os dados necessários para realizar a transição de governo. Ele relatou que o controle interno do município chegou, inclusive, a enviar um comunicado para atual administração notificando que não iria mais repassar nenhuma informação sobre a Prefeitura.
“Nós tentamos de todas as formas democráticas fazer a transição com calma e dignidade. Mas eles marcaram um dia e, em seguida, remarcaram e continuaram fazendo isso por diversas vezes até que decidimos acionar o Ministério Público e ao Tribunal de Conta para solicitar o bloqueio do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) de dezembro. Infelizmente nosso pedido não foi acolhido e eles utilizaram esse dinheiro do FPM para pagar os fornecedores que queriam, deixando os funcionários sem o salário de dezembro e sem o décimo”, ressaltou o novo prefeito.
“Eles alagaram que não pagaram os salários por falta de dinheiro, mas o mês de dezembro tem acréscimo de 1% no FPM. Ou seja, a prefeitura recebe quase o dobro dos meses anteriores. A justificativa deles não condiz com a realidade”, explicou Ricardo.
Além de não efetuar o pagamento do servidores, Gilson Barroso ainda concedeu o reajuste salarial aos funcionários públicos em pleno mês de outubro. “Claramente para jogar essa dívida para o novo gestor. Até porque nós temos uma lei federal que proíbe o aumento de salário até dezembro de 2021, por causa da pandemia do novo coronavírus”.
Coleta de lixo
Por não ter acesso à documentação dos anos anteriores, o novo prefeito está encontrando dificuldades para regularizar a coleta de lixo no município. “Tem mais de 15 dias que o lixo está nas ruas. Para se ter uma ideia, tinha lixo de um extremo ao outro, do povoado Saúde até o Brejo da Conceição. Estamos limpando aos poucos, mas o dinheiro é curto e sequer sabemos onde tem recurso, porque a gestão passada não encaminhou as informações sobre as contas bancárias e saldos”, expôs Ricardo.
Covid-19 e saúde
A pandemia continua fazendo vítimas em todo país, por isso Ricardo Roriz também demonstrou preocupação com as ações que foram colocadas em prática em Santana do São Francisco. “Recebemos cerca de R$ 1 milhão e não tivemos nada para barrar a disseminação do vírus em nosso município. Colocaram apenas duas barracas na entrada da cidade para aferição de temperatura. Hoje não temos nada para ajudar as pessoas. Nem médico teremos mais, porque o único que temos já pediu pra sair por causa do salário atrasado”, lamentou o prefeito.
“Como se isso não bastasse, quando você entra nos prédios públicos aqui, os banheiros deteriorados e está tudo sujo. Não há odontologista, não há assistência médica, os remédios estão em falta. E quem sofre com esse cenário é povo. Esse descaso da gestão passada afeta diretamente nossa população”.
Dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado no domingo, 10, apontaram que o município possui 242 casos confirmados, com oito óbitos e uma taxa de letalidade de 3,3.
Veículos
A lista de problemas da gestão de Gilson Barroso se estende para o transporte. O ex-prefeito leiloou veículos da Prefeitura e deixou apenas os sucateados para atual administração. “Ele fez um leilão entre junho e julho, quando vendeu a maioria dos carros. Foram leiloados cerca de seis a sete carros, com isso ficamos com somente com três ambulâncias, que estavam quebradas e já mandamos consertar, uma caminhonete e um carro do Conselho Tutelar. Os demais ele leiloou, deixando as sucatas aqui, como o caminhão baú”, relatou Ricardo.
Trabalho e austeridade
O prefeito reconhece os desafios serão grandes, mas garante que fará o possível para melhorar a vida da população. “Além dessas questões que citei, ainda terei que dialogar com a Energisa e com a Deso, pois a energia dos prédios da Prefeitura foi cortada recentemente e não podemos admitir que ocorra falta de água em um município que está às margens do rio. Sei que não será fácil recuperar nosso município, porém, com trabalho e austeridade, tentarei pagar a salário de janeiro em dia para negociar o de dezembro e o décimo. Não é um cenário ideal, mas é que podemos fazer neste momento. Vamos passar um bom tempo pra deixar essa cidade como povo merece, mas estamos confiantes e temos compromisso com nossa gente”, concluiu Ricardo.