“Jogo de cartas marcadas”, afirma empresário sobre licitação da prefeitura de Lagarto

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Uma briga que pode terminar muito mal para a gestão da prefeita Hilda Ribeiro (Republicanos) em Lagarto depois das graves denúncias feitas pelo empresário Francisco Cláudio Gonçalves Lins, representante da empresa Fortex Construções, que teve seu contrato com a prefeitura para a reforma dos mercados dos povoados Jenipapo e Brasília rescindido unilateralmente. As declarações do empresário, que apontam suspeita de favorecimento em uma licitação, foram feitas nesta quinta-feira, 11, ao radialista Aclécio Prata, no programa Sergipe em Destaque, da 102.7 FM.

Francisco Cláudio afirmou que existe um “jogo de cartas marcadas” na licitação de reformas de prédios públicos pela gestão da prefeita Hilda. “Você pode ir [para a licitação] com 50% de desconto e o cara vai com 5% e quem ganha é aquele [dos 5%] porque os engenheiros [da prefeitura], que dão o parecer, só dão o parecer para aquela empresa. Só tem capacidade essa empresa. Os vereadores precisam ver isso. A prioridade é a disputa de preço, e lá quem ganha é quem eles escolhem. Cartas marcadas”, denunciou Cláudio, cobrando fiscalização da Câmara Municipal e revelando outra grave suspeita, a de um suposto esquema para beneficiar o secretário municipal de Obras, Igor Batata.

“Não vou ter mais medo, mas que está tendo está. Claro que o Batata deve estar tendo alguma vantagem para tirar a Fortex e colocar outra empresa.” A denúncia da suspeita de corrupção será levada ao Ministério Público, conforme prometeu o empresário, que, segundo ele, travará uma luta judicial pelo fato da prefeitura de Lagarto rescindir o contrato firmado para colocar outra construtora e impedindo inclusive da Fortex retirar seus materiais dos locais de obras, no Jenipapo e na Brasília, mesmo a empreiteira não tendo recebido os pagamentos devidos pelo município de Lagarto. De acordo com o setor jurídico da Fortex Construções, como disse Cláudio, a empresa teria o direito de fazer a retirada desses materiais das reformas não finalizadas.

Caso de polícia

A história da retirada dos materiais rendeu caso de polícia e aconteceu nesta quarta, dia 10, conforme contou Francisco Cláudio e como mostraram também imagens que chegaram à redação de O Bolo É Grande. O empresário revelou que esteve nas obras do mercado do povoado Jenipapo e recebeu a visita do vereador de situação Gilberto da Farinha (DEM), aliado da prefeita Hilda e de seu esposo, o deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos), ameaçando chamar a polícia caso os materiais fossem levados pela empresa.

A Polícia Militar foi comunicada e compareceu ao local por intermédio do secretário municipal de Obras, de acordo com Cláudio, que disse que os policiais foram educados, conversaram com ele e pediram para que a empresa retornasse outro dia. “O recado de Batata foi de que não era para retirar nada que estava na obra”, disse o empreiteiro, confirmando que irá levar a situação para o campo jurídico.

Pagamento não realizado

Na entrevista, Francisco Cláudio explicou o atraso na finalização e entrega da obra pela Fortex e disse que se trata da falta de pagamento pela prefeitura de Lagarto, que realizou o primeiro pagamento relacionado à reforma dos mercados oito meses depois do início das obras. “A previsão de entrega dessa obra era de 90 dias”, contou. Segundo ele, foi apalavrado pelo secretário Batata o pagamento de um aditivo para que a reforma pudesse seguir as normas técnicas de engenharia relacionadas à estrutura. No lugar de bloco e concreto para certas paredes, como estava no projeto inicial da prefeitura, foi preciso implantar vigas e pilares. A ordem foi dada por Batata. “‘Pode executar o serviço que eu mando pagar.’ Confiei na palavra dele. Se passou quase um ano e ele não assinou o aditivo para que fosse pago”, lamentou Cláudio, que completou: “Se antes de entregar [a obra] não consigo receber, imagine se eu entregar. Isso que eu penso. Se eu entregar, ele [Igor Batata] não vai pagar”.

Rescisão unilateral

No documento oficial da prefeitura de Lagarto do distrato com a Fortex, há a informação de que o contrato foi rescindido por “descumprimento de cláusula contratual mediante inexecução parcial do objeto pactuado”, segundo análise do relatório elaborado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas. No entanto a empresa contesta. “Em nenhum momento quis desistir dessa obra. Sempre procurava o secretário. Cheguei a procurar a prefeita uma vez, mas é bem difícil falar com ela. Ela disse que não tinha conhecimento sobre todas as coisas e que no momento não poderia dar uma resposta”, disse, revelando que ficou surpreso quando recebeu o e-mail com a rescisão unilateral.

 Por detrás das cortinas

“Na próxima semana eu vou falar ao promotor de justiça de Lagarto. Eu vou falar para ele o que está por detrás das cortinas sobre essas reformas aqui. Isso não vai ficar assim. Eu vou colocar pra frente. O que está por trás das cortinas. Eu vou falar lá o que realmente aconteceu aqui para que chegasse a esse ponto. Vou levar documentado. Eu não ia fazer isso, mas como chamaram a polícia para mim…”, afirmou Cláudio, insinuando suspeitas de falta de transparência em contratos licitatórios firmados pela gestão Hilda. Outra afirmação dele que acompanha sua acusação é: “Lagarto é um canteiro de obras… Um canteiro de obras abandonadas”.

Posicionamento

O portal O Bolo É Grande tentou entrar em contato com a prefeitura de Lagarto, mas sem sucesso. E, até o momento do fechamento dessa matéria, o e-mail enviado para as secretarias municipais de Comunicação, Obras e Planejamento, além do Gabinete da Prefeita, não havia sido respondido. O vereador Gilberto da Farinha, citado nessa matéria, também não respondeu ao e-mail.

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