Depoimento: o caminho que o hacker diz ter usado para obter mensagens de autoridades

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Walter Delgatti Neto depôs à Polícia Federal; ele também disse que não recebeu dinheiro para hackear os telefones de autoridades.

Preso pela Polícia Federal, Walter Delgatti Neto reconstituiu em depoimento como invadiu as contas do aplicativo Telegram do ministro Sérgio Moro(Justiça) e de outras autoridades. O repórter Mahomed Saigg, da TV Globo, teve acesso com exclusividade ao depoimento.

Desde junho, o site Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, publica reportagens com trechos de diálogos atribuídos ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, ex-juiz federal, e a integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato. O site não revelou a fonte nem como obteve os registros das conversas.

A sequência descrita por Delgatti Neto de como acessou as mensagens das autoridades:

Primeiro, o hacker invade o Telegram do promotor Marcel Zanin Bombardi, de Araraquara, responsável por oferecer uma denúncia contra ele por tráfico de drogas;Na agenda de Bombardi, conseguiu o contato de um procurador da República [de quem disse não se recordar] que participava de um grupo de Telegram chamado “Valoriza MPF”.
A partir do número de um dos procuradores, que não especificou, conseguiu acesso ao Telegram do deputado federal Kim Kataguiri.

Na agenda de Kim Kataguiri, chegou ao número do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A partir dos contatos de Moraes, entrou no Telegram do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot;No celular de Janot, chegou aos números de três dos procuradores da Operação Lava Jato no Paraná: Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior, Diogo Castor e Januário Paludo.

A partir da agenda de Deltan, entrou na conta de Telegram do ministro Sérgio Moro, do desembargador Abel Gomes e de um juiz federal identificado como Flávio;Ele invade o Telegram do ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão;A partir do número de Pezão, obtém o contato da ex-presidente Dilma Rousseff.

No celular de Dilma, o hacker então disse ter obtido o contato da ex-deputada Manuela D’Ávila; no depoimento, ele disse ter ligado para Manuela e pedido o contato do jornalista Glenn Greenwald, em razão da atuação dele nas reportagens relacionadas ao vazamento de informações dos EUA pelo ex-analista Edward Snowden.

Manuela, segundo Delgatti Neto, não acreditou no relato dele. O hacker então diz ter enviado um áudio para a ex-deputada com uma conversa entre procuradores da Lava Jato; em nota, Manuela diz ter mediado o contato, mas não cita ter recebido o áudio do hacker.Minutos depois do contato, o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, liga para Delgatti Neto, segundo o depoimento.

Walter Delgatti Neto e outros três suspeitos foram presos na última terça-feira (23), apontados como responsáveis pela invasão de telefones de autoridades. Segundo a Polícia Federal, mais de mil pessoas podem ter sido alvos do grupo.

De acordo com a transcrição do depoimento, concedido no último dia 23 ao delegado Luiz Flavio Zampronha, na sede da Polícia Federal em Brasília, ele disse que não editou os diálogos e que não conseguiu obter nenhum conteúdo das contas do ministro Sergio Moro no aplicativo Telegram.

Por G1

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